segunda-feira, 12 de março de 2012

O Ponto

 O Ponto

O olho, o que vê?



Uma Tarde de Domingo na Ilha de La Grande Jatte (1884-1886)
Georges Pierre Seurat 


Se olharmos para o céu sem nuvens, podemos observar que o grande espaço da abóbada celeste parece salpicada de pontos luminosos: uns pequenos, outros grandes, uns dispersos, outros agrupados - são os astros, que se encontram a milhares de quilômetros de distância da Terra.
Também podemos encontrar o ponto na areia da praia, nas sardas do rosto de uma pessoa.....
O ponto atua como forma e desenvolve-se numa superfície limitada a que damos o nome de campo visual


Campo Visual - Superfície
limitada em que as formas
se desenvolvem





Quando no campo visual
não existem formas, dizemos
que é um campo vazio.





Observe com atenção, os diferentes aspectos que o ponto pode tomar dentro de um campo de visual.


Quanto ao aspecto gráfico os pontos podem estar dispostos:



Ao acaso


Ordenados


Quanto ao número de pontos que uma superfície contém, podem consider-se:

Dispersos




Concentrados


Saturados


Um pouco sobre Georges Seurat

Georges-Pierre Seurat nasceu numa abastada família burguesa em Paris, e estudou na Escola de Belas Artes, para onde entrou em 1878. O seu trabalho, influenciado pelos mestres da renascença, caracterizava-se por ser extremamente disciplinado e ordenado. Embora influenciado pelos impressionistas, apreciando os seus valores e, Seurat rejeitou a espontaneidade e a ausência de forma destes, e  reintroduziu a estrutura e a formalidade na pintura.   

A década de 80 foi um período florescente para as artes. Os jovens pintores sentiam-se excitados com a perspectiva do próximo século e, adoptando novas e científicas teorias da cor, procuravam criar um estilo moderno que expressasse bem essa nova época. Seurat não foi exceção, dedicou-se a técnica do impressionismo, assim como ao estudo da teoria da cor e à óptica. 
Georges Seurat contribuiu para a pintura francesa ao introduzir uma técnica mais sistemática e científica, chamada divisionismo ou pontilhismo a que ele chamou Pintura ÓpticaA técnica consiste em separar as cores nas suas componentes, de maneira que, em vez de serem misturadas como pigmentos e aplicadas à tela, são, desde que as vejamos à distância certa, misturadas pelo olhar. 
A técnica do divisionismo utilizada por Seurat deu origem ao neo-impressionismo e foi extensivamente utilizada na arte do século XX. Pode-se dizer que a teoria do divisionismo foi o precursor da televisão e da imagem digital.



Mais um pouco de ponto!

Joan Miró
Números e Constelações em Amor com Uma Mulher
numeros e constelacoes em amor com uma mulher joan miro 240x300 Joan Miró – Pintor e Escultor Surrealista



Joan Miró nasceu em Barcelona, na Espanha, em 20 de abril de 1893. Apesar da insistência do pai em vê-lo graduado, não completou os estudos. Freqüentou uma escola comercial e trabalhou num escritório por dois anos até sofrer um esgotamento nervoso. Em 1912, seus pais finalmente consentiram que ingressasse numa escola de arte em Barcelona. Estudou com Francisco Galí, que o apresentou às escolas de arte moderna de Paris, transmitiu-lhe sua paixão pelos afrescos de influência bizantina das igrejas da Catalunha e o introduziu à fantástica arquitetura de Antonio Gaudí.
     Miró trazia intuitivamente a visão despojada de preconceitos que os artistas das escolas fauvista e cubista buscavam, mediante a destruição dos valores tradicionais. Em sua pintura e desenhos, tentou criar meios de expressão metafórica, ou seja, descobrir signos que representassem conceitos da natureza num sentido poético e transcendental. Nesse aspecto, tinha muito em comum com dadaístas e surrealistas.
     De 1915 a 1919, Miró trabalhou em Montroig, próximo a Barcelona, e em Maiorca, onde pintou paisagens, retratos e nus. Depois, viveu em Montroig e Paris alternadamente. De 1925 a 1928, influenciado pelo dadaísmo, pelo surrealismo e principalmente por Paul Klee, pintou cenas oníricas e paisagens imaginárias. Após uma viagem aos Países Baixos, onde estudou a pintura dos realistas do século XVII, os elementos figurativos ressurgiram em suas obras.
     Na década de 1930, seus horizontes artísticos se ampliaram. Fez cenários para balés, e seus quadros passaram a ser expostos regularmente em galerias francesas e americanas. As tapeçarias que realizou em 1934 despertaram seu interesse pela arte monumental e mural. Estava em Paris no fim da década, quando eclodiu a guerra civil espanhola, cujos horrores influenciaram sua produção artística desse período.
     No início da segunda guerra mundial voltou à Espanha e pintou a célebre "Constelações", que simboliza a evocação de todo o poder criativo dos elementos e do cosmos para enfrentar as forças anônimas da corrupção política e social causadora da miséria e da guerra.
     A partir de 1948, Miró mais uma vez dividiu seu tempo entre a Espanha e Paris. Nesse ano iniciou uma série de trabalhos de intenso conteúdo poético, cujos temas são variações sobre a mulher, o pássaro e a estrela. Algumas obras revelam grande espontaneidade, enquanto em outras se percebe a técnica altamente elaborada, e esse contraste também aparece em suas esculturas. Miró tornou-se mundialmente famoso e expôs seus trabalhos, inclusive ilustrações feitas para livros, em vários países.
     Em 1954, ganhou o prêmio de gravura da Bienal de Veneza e, quatro anos mais tarde, o mural que realizou para o edifício da UNESCO em Paris ganhou o Prêmio Internacional da Fundação Guggenheim. Em 1963, o Museu Nacional de Arte Moderna de Paris realizou uma exposição de toda a sua obra. Joan Miró morreu em Palma de Maiorca, Espanha, em 25 de dezembro de 1983.


......e mais um pouco de ponto

Wassily Kandinsky
Several Circles, 1926



Kandinsky, Riding Couple, 1906


Kandinsky nasce dia 4 de Dezembro de 1866, em Moscovo, no seio de uma família, cujo chefe era negociante de chás. Em 1871, a família muda-se para Odessa. Os pais se divorciam e a tia de Kandinsky se escarrega de sua educação. Logo, de 1876 a 1885, Kandinsky recebe as primeiras aulas de desenho e música e em 1886 começa os estudos de Direito e Economia na Universidade de Moscovo.
Empreende uma expedição a Vologda, em 1889, no âmbito de um programa de pesquisa da "Sociedade de Ciências Naturais, Etnografia e Antropologia". Fica impressionado com a vigorosa arte popular do Norte da Rússia. Em 1892 Termina os estudos universitários com licenciatura em Direito. Casa-se neste mesmo ano com sua prima Anya Chimiakin. Torna-se assistente da Universidade de Moscovo em 1893. Tese de doutoramento "Sobre a Legalidade dos Salários dos Operários".
Em 1895 trabalha como diretor artístico da Editora Kucherev, em Moscovo. No ano seguinte rejeita um convite para ensinar na Universidade de Dorpat para se dedicar ao estudo de pintura. Muda-se para Munique e inicia estudos artísticos na Escola de Azbè.

Através de Azbè conhece o pintor Alexei Jawlensky e Marianne von Werefkin. Visita a exposição "Sesseção de Munique" e interessa-se pela Arte Nova. Em 1898, Kandinsk se esforça em vão para ser admitido na Academia de Arte de Franz von Stuck; continua a trabalhar independentemente.
No ano de 1900, se torna aluno de Franz von Stuck na Academia de Arte de Munique, tendo como colega Paul Klee. Em Fevereiro, expõe os Seus trabalhos em Moscovo, na exposição da "Associação dos Artistas de Moscovo". Em 1901, juntamente com Rolf Niczky, Waldemar Hecker, Gustav Freytag e Wilhelm Hüsgen, funda em Maio a Associação de Exposições e Artistas "Phalanx", sendo nomeado para o cargo de presidente da associação. No Inverno, é inaugurada a "Escola de Pintura Phalanx", dirigida por Kandinsky. Logo no ano seguinte, conhece a estudante de pintura Gabriele Münter. Acontece a Segunda exposição da "Phalanx". Kandinsky expõe na "Secessão" de Berlim. Terceira exposição da Phalanx, neste mesmo ano, com obras de Lovis Corinth e Wilhelm Trübner. Passa uma parte do Verão com a sua turma de pintura em Kochel.

Em 1903, na Sétima "Expoisição Phalanx" expõe quadros de Claude Monet. Após o encerramento da "Escola de Pintura Phalanx", Kandinsky é convidado por Peter Behrens para dirigir uma aula de Pintura decorativa na Escola de Artes e Ofícios de Dusseldórfia, recusando, contudo, o convite. Em 1904, na nona "Exposição Phalanx", dedicada a Alfred Kubin, Kandinsky expõe desenhos e xilogravura. 15 das suas obras são expostas na "Associação de |Artistas" de Moscovo. estuda a teoria das Cores. Kandinsky se separa da esposa em setembro; empreende inúmeras viagens com Münter. O seu Album de xilogravuras " Poemas sem Palavras" é publicado em moscovo. Ainda neste ano, Kandinsky tem sua primeira exposição no "Salão do Outono", em Paris, continuando a participar anualmente até 1910. Em Dezembro é realizada a décima segunda e última exposição de "Phalanx".
Participa na exposição da "Associação dos Artistas" de Moscovo. Torna-se membro da "Federação dos Artistas Alemães" em 1905. Expõe no Salon des Indépendants em Paris.
Em 1906 viaja com Münter para Paris, onde moram até ao final do ano. Expõe em inúmeras exposições, como o "Salão de Outono" em Paris, com artistas da "Brücke" em Dresden e da "Secessão" em Berlim. Apresenta 109 trabalhos no Museé du Peuple de Angers. Vive com Münter de Setembro de 1907 a Abril de 1908, em Berlim. Expõe seus trabalho de Março a Maio no "Salon des Indépendantes" de Paris. De meados de Agosto a finais de Setembro, Kandinsky, Münter, Jawlensky e Werefkin trabalham em Murnau.

Expõe no "Salão de Outono" de Paris e na "Secessão" de Berlim. No Dia 22 de Janeiro de 1909, funda a "Nova Associação dos Artistas de Munique". A primeira exposição realiza-se de 1 a 15 de Dezembro na Moderne Galerie Thannhauser de Munique. Começa a trabalhar na composição para o teatro "A Sonoridade Amarela".
Em Paris, publica a coletânea "Xilogravuras"; expõe no "Salon des Indépendantes". Faz as Primeiras pinturas sobre o vidro, inspuradas na tradição artística da Baviera. Primeiras "Improvizações".
No ano de 1910 faz a "Composição I". De Fevereiro a Março, trabalha novamente em Murnau. Durante a segunda exposição da "Nova Associação dos Artistas" (1 - 14 de Setembro na Neue Galerie Thannhauser) conhece Franz Marc. De 14 de Outubro até ao final do ano vive na Rússia; expõe 52 trabalhos no "Salão Internacional" de Odessa; Participa na exposição organizada por Larionow Valete de Ouros.
No ano de 1911, corresponde-se regularmente com Schönberg. Em 10 de Janeiro é demitido da presidência da NKVM. Juntamente com Marc e outros, participa na publicação de "Na Luta Pela Arte" como resposta ao panfleto de Carl Vinnen "Protesto dos Artistas Alemães". Faz os primeiros planos para o almanaque "O Cavaleiro Azul".

Na preparação para a terceira exposição da "Nova Associação dos Artistas" e o juri rejeita, dia 2 de Dezembro, a Composição V de Kandinsky. Durante o ano, Kandinsky, Marc e Münter retiram-se. Divorcia-se da esposa e em 18 de Dezembro, inauguração da primeira exposição "O Cavaleiro Azul" na Moderne Galerie Thannhauser. Na Editora Piper é publicada a obra" Do Espiritual na Arte". Faz a segunda exposição de "O Cavaleiro Azul", no ano de 1912, na Galeria Hans Goltz, em Munique (de 12 de Fevereiro a Abril, expõe apenas trabalhos gráficos). Em Maio, é publicado o almanaque "O Cavaleiro Azul".
Kandinsky participa em inúmeras exposições. Em Outubro, ocorre a primeira exposição individual na galeria "Der Sturm" em Berlim e em Novembro, em Roterdão. De meados de Outubro a meados de Dezembro, fica na Rússia; participa em diversas exposições: Valete de Ouros em Moscovo e "Pintura Contemporânea" em Jekaterinodar.
Em 1913, cria a "Composição VI" e "Composição VII". Participa na "Armory Show" em Nova Iorque. Faz estreitos contatos com Herwarth Walden; ensaio "Pintura como Arte Pura" é publicado na revista "Der Sturm" e as suas "Recordações" no álbum "Kandinsky 1901-1903"; participa nas exposições de "Sturm" e "Primero Salão de Outono Alemão". A Editora Piper publica os seus poemas em prosa "Sonoridades".

Durante 1914, expõe individualmente na Moderne Galerie Thannhauser em Munique e no "Circulo das Artes" em Colonia. Trabalha em quatro grandes quadros para a "villa" de Edwin A. Campbell, em Nova Iorque. No dia 1 de Agosto rebenta a 1ª Guerra Mundial; no dia 5 de Agosto foge com Gabriele Münter para a Suiça. Kandinsky escreve a composição para o teatro "Pano Roxo". No dia 25 de Novembro, parte para Zurique, passando pelos Balcãs em direção à Rússia; estabelece-se em Moscovo. De 1915 a 1916, no Inverno, encontra-se pela ultima vez com Münter em Estocolmo. Em 11 de Fevereiro de 1917, casa-se com Nina Andreevsky, filha de um general. Viaja, em Lua-de-mel, à Finlândia. Nasce o filho Vsevdod que falece em 1920. É co-fundador de um novo modelo da cena artística russa, em 1918; torna-se membro do colégio de artistas moscovita dirigido por Tatlin (futuro Departamente de Artes Plásticas do Comissario do Povo IZONARKOMPROS) e defende a posição de uma "arte absoluta".
A partir de Junho de 1919, se torna diretor do Museu da Cultura Pitónica em Moscovo (até Janeira de 1921); em Novembro, é presidente da Comissão Pan-Russa de Aquisições para os Museus do Departamento das Artes Plásticas do Comissáriado do Povo para a Formação Cultural (IZONARKOMPROS). No início de Dezembro, na primeira exposição estatal em Moscovo, quadros de Kandinsky, Kasimir Malevitch e El Lissitzky, são expostos ao lado de outros artistas russos. Em 1920, é co-fundador do INChUK (Instituto de Cultura Artística); a partir de Outono, se torna diretor do atelier SUOMAS (Ateliers Estatais Técnicos-Artísticos). Expõe 54 trabalhos na XIX Exposição do Comité de Exposições Central Pan-Russa em Moscovo. No Outono, agravamento do conflito com Rodchenko. No início de 1921, deixa o INChUK e os ateliers de pintura monumental.

Em 1921 colabora na organização de RAChN, a Academia Russa das Ciências Artísticas, dirige o departamento de psicologia; designado vice-presidente. Dirige aqui o atelier de reproduções. Em Dezembro de 1921 regressa à Alemanha. No ano de 1922, em Junho, Kandinsky muda-se para Weimar e inicia a atividade em Bauhaus. Publica a coletânea fr trabalhos gráficos "Pequenos Mundos" na Bauhaus de Weimar. Faz murais para a Exposição de Arte Sem Júri em Berlim. Os trabalhos de Kandinsky estão patentes na "Primeira Exposição Artística Russa" na galeria van Diemen, em Berlim. No ano de 1923 produz a primeira exposição individual em Nova Iorque, na "Société Anonyme" (K. Dreier e M. Duchamp). Klee, Kandinsky, Jawlensky e Feininger aderem ao grupo "Os Quatro Azuis". O grupo expõe nos EUA neste mesmo ano. Muda-se de Bauhaus para Dessau. É fundada a Sociedade Kandinsky em 1925.
Em Munique, é publicado o segundo trabalho teórico importante de Kandinsky "Ponto e Linha em Relação à Superfície", durante 1926. O primeiro número da revista Bauhaus é dedicado a Kandinsky, por ocasião do seu 60º aniversário, para além de uma retrospectiva da sua obra em várias cidades alemãs e européias.
Kandinsky toma aulas livres de pintura na Bauhaus, em 1927. No Verão, estada com Schönberg e sua esposa no Wörthersee, Áustria. Em Março de 1928, adquire a nacionalidade alemã. Apresenta peça de teatro sobre "Quadros de uma Exposição" de Mussorgsky no Friedrich-Theater em Dessau. Em 1929, tem a primeira exposição individual de aquarelas e desenhos em Paris, na Galeria Zack. Viaja à Paris e à Itália durante 1930. Se corresponde com o grupo de artistas "Cercle et Carré" em Paris e participa na exposição com o mesmo nome.
P. Schulze-Naumburg remove os trabalhos de Kandinsky, Klee e Schlemmer do Museu de Weimar. Muda-se de Bauhaus para berlim, de 1932 a 1933. Em Julho, encerramento definitivo de Bauhaus. Em finais de Dezembro, muda-se para França.
No ano de 1934, contata com o grupo "Abstraction-Création"; expõe na Galerie des Cahiers d'Art. Encontra-se com Constantin Brancusi, Robert e Sonia Delaunay, Fernand Léger, Joan Miró, Piet Mondrian, Antoine Pevsner, Hans Arp e Alberto Magnelli. Participa nas exposições "Abstract and Concrete" (Londres) e "Cubism and Abstract Art" em Nova Iorque. Os quadros de Kandinsky são expostos na exposição "Arte Degenerada" em 1937; 57 das suas obras são apreendidas de museus alemães. De 1938 a 1939, PArticipa na exposição "Abstracte Kunst" no Stedelijk Museum em Amesterdão; escreve o artigo "Abstract or Concrete" para o catálogo. Kandinsky e a esposa adquirem a nacionalidade francesa. Termina a sua ultima e grande Composição X.
Kandinsky expõe pela ultima vez na galeria L'Esquisse, em Paris, no ano de 1944. Em 15 de Dezembro de 1944, morre de arterosclerose, em Neuilly-sur-Seine, aos 78 anos de idade.


Para completar nossos pontos......

Yayoi Kusama – A artista fanática por pontos e bolas

Sabe quem é Yayoi Kusama? Não sabe? Então te conto! É considerada uma das grandes artistas pop japonesas que tem uma história de vida incrível, cheia de altos e baixos, mas que nem de longe, ofusca sua bela arte contemporânea, conhecida como Polka Dot. Hoje, aos 82 anos, a artista continua a fazer suas artes.
Seu trabalho é uma mistura de diversas artes como, colagens, pinturas, esculturas, arte performática e instalações ambientais, onde é visível uma característica que se tornou a marca da artista: A obsessão por pontos e bolas.

Em todas as suas artes, que possuem um quê de surrealismo, modernismo e minimalismo, podemos notar o padrão de repetição e acumulação.
Transtorno Obsessivo Compulsivo transformada em arte
Além disso, Kusama também se embrenhou na arte da literatura, com romances e poesias, escritas em 13 livros. Alguns dos seus romances são considerados chocantes e surrealistas, com personagens fortes como prostitutas, cafetões, assassinos, auto retrato de si própria como Shimako, enlouquecida emFoxgloves Central Park.

Veja um pouco sobre sua vida e sua arte

De onde vem tanta criatividade? Tudo indica que é devido à esquizofrenia, que a fazia ter uma percepção e uma visão diferente da realidade em que vivia. Segundo ela mesma conta, ela sempre foi atormentada por visões distorcidas, que a faziam enxergar bolas e pontos.
Muitas de suas obras retratam abóboras, uma paixão da artista
Yayoi nasceu em 22 de março de 1929 em Matsumoto-shi (Nagano Ken) e desde a infância sofre com alucinações. Sua relação com sua mãe não era nada boa. Segundo Yayoi conta, sua mãe era uma mulher de negócios e que jamais aceitou a veia artística da filha, chegando até a agredi-la fisicamente diversas vezes por causa disso.Isso pode ter ajudado a piorar o quadro psíquico de Yayoi, assim como gerou uma grande instabilidade emocional. Como forma de “fuga da realidade” , desabafo e também para mostrar às pessoas como era o mundo que ela enxergava, ela passou a se expressar no papel usando guache, aquarela e tinta a óleo, as bolinhas ou pontos do infinito, como ela também costuma chamar.

Como ela mesma diz:
Minha arte é uma expressão da minha vida, sobretudo da minha doença mental, originário das alucinações que eu posso ver. Traduzo as alucinações e imagens obsessivas que me atormenta em esculturas e pinturas. Todos os meus trabalhos em pastel são os produtos da neurose obsessiva e, portanto, intrinsecamente ligado à minha doença. Eu crio peças, mesmo quando eu não vejo alucinações, no entanto.


Yayoi Kusama com seu estilo próprio, onde até suas roupas tem bolas
Com o tempo, passou a preencher pisos, paredes, telas, objetos e até pessoas com seus pontos. Em toda e qualquer arte de Yayoi, podemos “sentir” seu surrealismo misturadas a visões alucinatórias, porém de forma leve, alegre, colorido. Muitas pessoas que sofrem de doenças mentais como esquizofrenia e outras tantas doenças, podem possuir um talento indescritível em alguma área ou arte.
No caso de Yayoi, além das alucinações, muitas vezes suicida, ela ainda passou a ter TOC, ou seja, as bolinhas e pontos, se tornou uma verdadeira obsessão, que reflete em tudo que venha da artista, não só em sua arte como também no seu visual, que chama muita atenção, mesmo hoje em dia, com mais de 80 anos.

Aos 27 anos, Kusama, resolveu ir para os Estados Unidos, a pedido de uma grande amiga e artista, Georgia O’Keeffe. Nessa época, o Japão ainda se recuperava da guerra e Kusama percebeu que lá fora, ela poderia exercer sua arte e ganhar mais reconhecimento. Em Nova Iorque, ela trabalhou com grandes nomes da Arte Moderna e Contemporânea como Andy Warhol, Joseph Cornell e Donald Judd e logo passou a liderar o movimento da vanguarda.Par
ticipou de diversas exposições de arte a céu aberto no Central Park eBrooklyn Bridge, muitas vezes envolvendo nudez. Engajou-se numa campanha contra a guerra do Vietnã e foi, ou melhor, continua sendo, uma grande simpatizante na luta dos homossexuais por seus direitos na sociedade.
Enfim, sempre foi uma mulher à frente do seu tempo, feminista, moderna e revolucionária por natureza.Em 1973, Kusama, resolveu retornar ao Japão por problemas de saúde. Seu transtorno obsessivo tinha se agravado, e assim se internou em um Hospital Psiquiátrico e lá vive até hoje por vontade própria, apesar de usar seu apartamento há poucos minutos do Hospital como ateliê para sua mente inquieta e sem limites.Suas obras, que já chegam a milhares, podem ser vistas não só em museus no Japão e Nova Iorque como em várias partes do mundo, como Venezuela, Singapura, Espanha e até no Brasil.A obra Narcissus garden Inhotim (2009), pode ser encontrada no Centro Cultural Inhotim, em MG. São dezenas de grandes esferas prateadas, que ficam na superfície da água e que podem ser movidas conforme a ação dos ventos.
Narcissus garden Inhotim
Essa obra é uma réplica/versão da escultura que fez em 1966 para participar da Bienal em Veneza, onde ela espalhou 1500 esferas espelhadas e as vendia por 2 dólares. Entre as bolas, havia placas com os dizeres ” Seu narcisismo à venda”. Era uma forma que ela encontrou para criticar ao sistema das artes.Suas obras possuem um valor inestimável, como podemos perceber por essa obra abaixo, vendida pela galeria Christie New York pela bagatela de US $ 5,1 milhões, um recorde para um artista vivo do sexo feminino. Veja a obra na foto abaixo:
Considerada louca por alguns, o que se pode dizer de Yayoi Kusama é que mesmo na sua loucura e em seus desvarios, ela encontrou na arte, a fuga e o tratamento da sua doença, se tornando um dos grandes nomes da Arte Pop, ainda em vida. Como ela mesmo diz: Se não fosse sua arte, já teria se matado há muito tempo.





E um videoart pra ilustrar: Tentei colocar só a musica, mas não consegui, porém é um bom exemplo de vídeo contemporâneo, para vocês darem uma olhadinha! Prestem atenção nas performances e nas diversas linguagens deste vídeo. Lembrem-se do que eu falei: A arte contemporânea é híbrida!!!




segunda-feira, 5 de março de 2012

História em torno da História! III

O olho, o que vê?

Veja a litogravura " Retrato Silencioso", de João Câmara


Olhe o retrato;
Veja seu olhar;
Perceba a escuridão que envolve a figura personagem;
Que roupa é essa que a figura personagem veste?
Sinta e "escute" seu silêncio;


Reflita sobre a imagem:
-Há um silêncio que "amordaça" a figura no"Retrato". Há coisas que esse silêncio forçado pode estar dizendo....
-Verifique a época da produção dessa litogravura: Pesquise o momento político vivido no Brasil dessa época. Havia liberdade de expressão nesse momento?
-Existem, no Brasil de hoje, silêncios que precisam ser ouvidos?


Mas..... o que é litogravura?


Litogravura (do grego λιθογραφία, de λιθος-lithos pedra e γραφειν-graféin grafiaescrita) é um tipo de gravura. Essa técnica de gravura envolve a criação de marcas (ou desenhos) sobre uma matriz (pedra calcária) com um lápis gorduroso. A base dessa técnica é o princípio da repulsão entre água e óleo. Ao contrário das outras técnicas da gravura, a Litografia é planográfica, ou seja, o desenho é feito através do acúmulo de gordura sobre a superfície da matriz, e não através de fendas e sulcos na matriz, como na xilogravura e na gravura em metal (ver técnica). Seu primeiro nome foi poliautografia significando a produção de múltiplas cópias de manuscritos e desenhos originais.


História

Essa técnica foi inventada por Alois Senefelder - um jovem ator e escritor de teatro alemão - por volta de 1796, quando buscava um meio de impressão para seus textos e partituras e se deparava com o desinteresse dos editores. Acabou inventando um processo químico novo, mais econômico e menos demorado que todos os outros meios conhecidos na época. A acção de desenhar/escrever sobre pedra já era conhecida, o crédito de Senefelder é ter equacionado os princípios básicos da impressão a partir da mesma. Apoiou-se em textos encontrados em Nuremberg, sobre as experiências de Simon Schmidt, sacerdote e professor bávaro, sendo este o primeiro a pensar a pedra como matriz reprodutora.
A Litografia foi usada extensivamente nos primórdios da imprensa moderna no século XIX para impressão de toda sorte de documentos, rótulos, cartazesmapasjornais, dentre outros, além de possibilitar uma nova técnica expressiva para os artistas. Pode ser impressa em plásticomadeiratecido e papel. Sabe-se que o primeiro pintor que se utilizou com sucesso da técnica de litografia foi Goya, em sua série Touradas, de 1825. Este experiente artístico atingiu seu apogeu nas últimas décadas do século XIX, quando diversos autores franceses como Gustave DoréRenoirCézanneToulouse-LautrecBonnard, dentre outros, promoveram uma renovação da litografia a cores.

Técnica


Uma prensa usada na litografia

Uma pedra litográfica na prensa
A técnica da litografia pode ser dividida em quatro etapas básicas:


Limpeza

Antes de mais nada é necessário apagar a imagem anterior desenhada na pedra, para que não haja interferências no seu desenho original e para isso, espalham-se grãos (pó de esmeril grão 80, 150 e 220 ou areia fina bem peneirada) sobre a pedra, joga-se um pouco de água para umedecer e coloca-se outra pedra calcária mantida para esse fim ou quebrada para lixá-la. Deve-se lixar a pedra sempre em um movimento de oito (infinito), cuidando para que nenhum pedaço da pedra de baixo fique intacto, para evitar desnivelamentos. Quando o desenho demora a sair, despeja-se uma solução de ácido acético a 10% para quebrar a gordura remanescente, deixando agir por 2 a 5 minutos antes de lavá-la. Não se pode esquecer de limar as arestas irregulares da pedra num ângulo de aproximadamente 45º, para que a pedra não lasque e nem marque o papel. Depois que a pedra está seca, é bom evitar o contato da superfície com as mãos ou qualquer substância rica em gordura, para que não haja manchas indesejadas que prejudiquem na impressão.


Desenho

A segunda etapa é desenhar sobre a pedra com materiais ricos em gordura já citados anteriormente, mas antes é necessário traçar uma margem de tamanho variado, com goma arábica. Uma vez a goma espalhada na pedra, a área atingida não receberá gordura, salvo se removida com uma lâmina ou com a ponta seca ou re-sensibilizada com solução de ácido acético diluído a 5%. Aqui a criatividade do artista atua, além dos métodos tradicionais de desenho sobre pedra, pode-se usar lâminas e pontas-secas para adicionar textura, marcas com papel carbono, agüada, entre outros.

]Entintagem

Depois de o desenho estar pronto, e seco, caso tenha sido utilizada uma tinta aquosa, partimos para a acidulação e entintagem ou viragem, processos que fixam a gordura na superfície da pedra, evitando que esta se espalhe pelas áreas brancas, descaracterizando o desenho. Pulveriza-se o breu sobre a imagem, espalhando-o com um chumaço de estopa, depois a pedra recebe um banho de uma solução de goma arábica, acido tânico, nítrico e fosfórico, que fixa a gordura apenas na superfície. A matriz então fica dividida em duas áreas: a branca que retém água e repele gordura e a desenhada que agrega gordura e repele água. Limpa-se a superfície com removedor (aguarrás ou querosene) para eliminar o pigmento usado no desenho preservando apenas a gordura, em seguida, a superfície da pedra é umedecida com água. Nessa etapa, não podemos deixar a superfície da pedra secar.
A entintagem é feita com um rolo de couro ou de borracha, a tinta litográfica é oleosa e ao passarmos, adere somente nas partes engorduradas, muito embora devamos limpar as margens e a superfície da pedra com uma esponja úmida para evitar qualquer acúmulo de tinta que possa aparecer na hora da impressão.


Impressão

A última etapa é a impressão, as primeiras tentativas são consideradas testes. A espessura da pedra deve ser de pelo menos 5 centímetros, para evitar rachaduras. O papel(ou outro material) é colocado sobre a pedra, de maneira alinhada. Usa-se uma prensa manual própria para a litografia, a pedra é colocada sobre a superfície plana da prensa que desliza sob a pressão de uma trave chamada ratora. Gira-se a manivela com cuidado para que a ratora não ultrapasse o limite da pedra, causando um acidente, devido a forte pressão. O desenho será impresso de maneira espelhada no papel, assim como nas outras modalidades da gravura. A litografia permite tirar muitas cópias da mesma matriz. Depois de tiradas as cópias desejadas, a pedra está pronta para ser limpa e reutilizada.



 retirado do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Litografia



Para musicar um pouco:

Apesar De Você

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque
Amanhã vai ser outro dia
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
De "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai se dar mal, etc e tal
La, laiá, la laiá, la laiá


Cálice
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque e Gilberto Gil
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!